sábado, 27 de junho de 2015

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades


Mudam-se os tempo ou mudam-se as vontades?

Estávamos em 2011, fatídico ano em que Portugal solicita ajuda externa. No ano em que se falava do nosso programa de ajustamento, também se falava do segundo programa da Grécia. Na altura, George Papandreou governava a Grécia e Sarkozy a França, Merkel tal como nos dias de hoje já presidia ao governo alemão.

Para George Papandreou, o segundo programa era polémico e a sua aceitação era difícil, para a Troika era o único caminho a seguir. Este segundo programa tinha pontos que pareciam bons, por exemplo o perdão de metade da divida grega era muito apetecível mas em troca pediam mais medidas de austeridade com impactos até então desconhecidos.

Acreditando que não tinha liberdade para assinar este segundo plano, George Papandreou afirmou a sua intensão de realizar um referendo de modo a consultar o povo grego: "O povo grego é sábio e tem capacidade para tomar as decisões acertadas para o bem do nosso país. Uma decisão positiva do povo grego não será apenas positiva para a Grécia, será positiva também para a Europa".

Sem tempo a perder, Sarkozy e Merkel aparecem juntos numa conferência de imprensa a mostrar muitas dúvidas sobre os reais impactos do referendo e sobre a intenção de a Grécia se manter ou não no Euro. Enquanto isso, na Grécia, a oposição e os membros do agora extinto PAOK, colocavam entraves ao referendo, temendo que o mesmo atirasse a Grécia para fora do Euro. Estávamos em Outubro de 2011 e não tardou para que George Papandreou abandonasse o governo.

Agora em 2015 Alexis Tsipras afirma a intensão de realizar um referendo, a realizar em 05 de Julho, sobre o novo acordo com a Troika. Mais claro que em 2011, Alexis Tsipras joga a posição da Grécia no Euro. Sobre o pretexto de um ultimato por parte da Troika, ou mais concretamente, da União Europeia e do BCE, Alexis Tsipras afirma que o povo grego deve decidir se deverá ou não aceitar as proposta apresentadas. Hollande, que substitui Sarkozy neste jogo, não comenta e Merkel parece não dar a mesma importância que deu em 2011.

Passados aproximadamente 4 anos, voltamos ao mesmo ponto. Voltamos ao momento em que se dará o poder de escolha ao povo grego. Teremos perdido 4 anos? Será que perdemos a oportunidade de resolver o problema em 2011? Mudou-se o tempo ou mudou-se a vontade europeia? Será que o medo de sair do euro já não afeta os partidos gregos?

Muito se escreveu sobre este assunto, e muito se escreverá até dia 05 de Julho, até lá veremos se o que mudou foi o tempo ou as vontades.

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